segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

LUÍS VARIARA

Sacerdote salesiano, Beato

1875-1923

1 de Fevereiro

Luís Variara nasceu no dia 15 de Janeiro de 1875 em Viarigi (Ásti).
Em 1856 Dom Bosco estivera ali, pregando uma missão. E foi a Dom Bosco que o pai confiou o filho, levando-o a Valdocco no dia 1 de Outubro de 1887.
O Santo morreu quatro meses depois. Mas o contacto que teve com ele foi suficiente para marcar Luís para toda a vida. Pediu que o admitissem como salesiano e entrou no noviciado no dia 17 de agosto de 1891. Variara estudou Filosofia em Valsalice, onde conheceu Padre André Beltrami.
Em 1894 esteve ali o Padre Unia, o célebre missionário que há pouco havia começado a trabalhar na Colômbia, entre os leprosos de Agua de Dios.
O mesmo Padre Variara contava: “Qual não foi o meu espanto e a minha alegria quando, no meio de 188 colegas meus que tinham a mesma aspiração, o Padre Unia fixou os olhos em mim e disse: Este é meu”.
O jovem Variara chegou a Agua de Dios no dia 06 de agosto de 1894. O lazareto contava 2000 habitantes, dos quais 800 eram leprosos. Mergulhou totalmente na sua missão. Começou organizando uma banda musical, cuja inauguração se deu na presença do Presidente da República que, comovido, viu a "cidade da dor" animar-se pela primeira vez num impensável clima de festa.
Em 1898 Luís foi ordenado sacerdote. Logo se revelou um óptimo director espiritual.
Em Agua de Dios, na casa das Irmãs da Providência, nascera a Associação das Filhas de Maria, um grupo de 200 moças. Ele era o confessor delas, e não demorou a identificar no grupo algumas chamadas à vida religiosa. Um sonho irrealizável! Nenhuma Congregação aceitaria uma filha de leprosos e, muito menos, uma doente de lepra.
Dessa real impossibilidade nasceu o audacioso projecto ― único na Igreja ― de um Instituto que permitisse aceitar também candidatas doentes de lepra.
Hoje a Congregação das Filhas dos SS. Corações de Jesus e Maria conta 600 religiosas.
Padre Variara se sentia sempre mais entusiasta de sua missão. Um dia suspeitou-se que ele também tivesse sido atingido pela doença. Ao saber disso, limitou-se a dizer: “Tudo vem de Deus e tudo vai para Deus”.
Morreu longe dos seus queridos doentes, como a obediência determinara. Agora repousa em Agua de Dios na capela das suas Filhas.
Beatificado em 14 de abril de 2002, pelo Papa João Paul II.

VERIDIANA DE FLORENÇA

Franciscana, Santa
1182-1242

1 de Fevereiro

No primeiro dia de fevereiro de 1242, de repente, todos os sinos do Castelfiorentino em Florença, Itália, começaram a repicar simultaneamente. Quando os moradores constataram que tocavam sozinhos, sem que ninguém os manuseassem, tudo ficou claro, porque eles anunciavam a morte de Veridiana.
Nasceu em 1182, ali mesmo nos arredores da cidade que amou e onde viveu quase toda sua existência, só que enclausurada numa minúscula cela, de livre e espontânea vontade. Pertencente a uma família nobre e rica, os Attavanti, Veridiana levou uma vida santa, que ficou conhecida muito além das fronteiras de sua terra; e que lhe valeu inclusive a visita em pessoa, de seu contemporâneo Francisco de Assis, que a abençoou e admitiu na Ordem Terceira, em 1221.
A fortuna da família, embora em certa decadência, Veridiana sempre utilizou em favor dos pobres. Um dos prodígios atribuídos à ela, mostra bem o tamanho de sua caridade. Consta que certa vez um dos seus tios, muito rico, deixou à seus cuidados grande parte de seus bens, que eram as colheitas de suas terras.
A cidade atravessava uma época terrível de carestia e fome, seu tio nem pensou em auxiliar os necessitados, era um mercador e como tal aproveitando-se da miséria reinante. Durante algum tempo procurou vender grande parte desses víveres, o que conseguiu por um preço elevado, obtendo grande lucro. Mas, ao levar o comprador para retirar o material vendido, levou um susto, suas despensas estavam completamente vazias. Veridiana tinha distribuído tudo aos pobres.
O tio comerciante ficou furioso, pediu um prazo de 24 horas ao comprador e ordenou a Veridiana que solucionasse o problema, já que fora a causadora dele. No dia seguinte, na hora marcada, as despensas estavam novamente cheias, e o negócio pode se concretizar.
Veridiana após uma peregrinação ao túmulo de Tiago em Compostela, Espanha, diga-se um centro de peregrinação tão requisitado quanto Roma o é pelos túmulos de São Pedro e São Paulo, ao retornar se decidiu pela vida religiosa e reclusa. Para que não se afastasse da cidade, seus amigos e parentes construíram então uma pequena e desconfortável cela, próxima ao Oratório de Santo António, onde ela viveu 34 anos de penitência e solidão. A cela possuía uma única e mínima janela, por onde ela assistia à missa e recebia suas raras visitas e refeições, também minúsculas, suficientes apenas para que não morresse de fome.
O culto de Santa Veridiana foi aprovado pelo papa Clemente VII no ano de 1533. Ela também se tornou protetora do presídio feminino de Florença e, sua devoção ainda é muito popular na região da Toscana, na Itália.

BRIGIDA DE KILDARE

Freira Abadessa, Fundadoura, Santa
453-524

1 de Fevereiro

Santa Brígida de Kildare ou Brígida da Irlanda era uma cristã irlandêsa, freira, abadessa, e fundadora de diversos conventos, que é venerada como santa. Ela é considerada uma das santas padroeiras da Irlanda, juntamente com São Patrício e São Columba. O dia da sua festa é o 1º de fevereiro, o primeiro dia da Primavera,que é tradicional na Irlanda.

Entre lenda e realidade...

Tal como acontece com muitos santos antigos a biografia de Brígida tem sido dificultada pela passagem do tempo. Muita mudança ocorreu dentro do corpo de informação que agora existe. Muitas vezes os limites entre a tradição oral e escrita tornaram-se difíceis de distinguir. Segundo a tradição, ela nasceu em Faughart, Irlanda. Devido à lendária qualidade das primeiras contas da sua vida, não há muita discussão entre muitos estudiosos e mesmo fiéis cristãos quanto à autenticidade das suas biografias. Segundo elas seus pais eram Dubhthach, um pagão de Leinster, e Brocca, uma cristã de Pictos que havia sido baptizada por São Patrício. Algumas trechos da sua vida sugerem que a mãe de Brígida foi, de facto, portuguesa, raptada por piratas irlandeses e levada para a Irlanda para trabalhar como escrava da mesma maneira que Patricío. Brígida recebeu o mesmo nome de uma das mais poderosas deusas da religião pagã, que o seu pai Dubhthach praticava; Brígida era a deusa do fogo, cujas manifestações foram música, artesanato, e poesia, que os irlandeses consideravam a chama do conhecimento.

Santidade

Ela foi convertida como cristã en 468, mas ela foi inspirada pela pregação de São Patrício desde a mais tenra idade. Apesar da oposição do seu pai, ela estava determinada a entrar na vida religiosa. Várias testemunhos atestam a sua grande piedade.
Ela tinha um coração generoso e nunca poderia recusar nada a um pobre, que vinha até à porta do pai.Sua caridade irritava este: ele pensava que ela estava a ser demasiadamente generosa para os pobres e necessitados, quando ela distribuia seu leite e farinha por todos. Quando ela finalmente deu a sua jóia a um leproso, Dubhthach percebeu que talvez, fosse o mais adequado para sua filha a vida de freira. Brígida finalmente obteve o seu desejo e foi enviada para um convento. Brigid recebeu o véu de São Mel e fez voto de dedicar a sua vida a Cristo. A partir deste ponto surgiram histórias e lendas sobre Brigid. Ela é creditada por ter fundado um convento em Clara, no Condado de Offaly sua primeira fundaçâo. Mas seria em Kildare que o seu principal alicerce iria surgir. Cerca de 470 ela fundou a Abadia Kildare, uma duplo mosteiro, com freiras e monges. Brigid era famosa pelo seu senso comum e acima de tudo pela sua santidade: na sua vida, ela era considerada como um santa. A Abadia de Kildare tornou-se um dos mais prestigiados mosteiros da Irlanda, famoso em toda a Europa cristã.

Morte

Ela morreu em Kildare por volta de 525 e foi enterrada em um túmulo na igreja de sua abadia. Depois de algum tempo ela foi transportada para Downpatrick com os restos dos outros dois santos padroeiros da Irlanda, Patricio e Columba. Seu crânio foi extraído e levado para a Igreja de São João Baptista de Lisboa, Portugal, por três irlandeses nobres, onde permanece até hoje. Há uma ampla devoção a ela na Irlanda, onde ela é conhecida como a "Maria do Gael" e seu culto foi trazido para a Europa pelos missionários irlandeses, anos após a sua morte. Na Bélgica, existe uma capela dedicada a Santa Brígida em Fosses-la-Ville.

LUIS TALAMONI

Sacerdote, Fundador, Beato
1848-1926

31 de Janeiro

Nascido em Monza (Itália), a 3 de Outubro de 1848, segundo dos seis filhos de uma família modesta mas com sólidos valores cristãos que transmitiram aos seus filhos. Em casa recitava-se o rosário todos os dias e o pai participava diariamente na Missa, levando consigo o pequeno Luís, que vendo-o servir no altar, sentia crescer o desejo de servir Deus e os irmãos no ministério sacerdotal. Fez os estudos primários e a Primeira Comunhão e a Crisma (1 de Julho de 1861), no Oratório de Monza, fundado pelo Servo de Deus Padre Fortunato Redolfi, barnabita, e dirigido por outro barnabita, o Servo de Deus Padre Luís Villoresi.
Dessa maneira, Luís entrou em contacto com as experiências mais entusiasmantes da pastoral juvenil daquele tempo. De facto, naqueles anos, na Diocese de Milão assistia-se a um incremento de Oratórios, lugares onde os rapazes se encontravam diariamente para experimentar uma vida fraterna e empenhativa, de formação humana e cristã, de alegria e de espiritualidade, onde ele amadureceu a própria vocação para o sacerdócio e para o compromisso, como Membro da Comissão Católica de Monza, na defesa do melhoramento das condições sociais e dos mais desfavorecidos.
O Oratório de Carrobiolo tornou-se naquele tempo (1859) um Seminário para os pobres: quem manifestasse o desejo de se tornar sacerdote (não só diocesano), e não possuísse os meios económicos para realizar essa chamada, encontrava lá a possibilidade de estudar, de conduzir uma experiência fraterna com uma possibilidade de empenho pastoral.
Luís Talamoni viveu em Carrobiolo até 1865, quando ingressou no Seminário Teológico Diocesano de Milão. Enfrentando enormes dificuldades, concluiu os seus estudos teológicos e iniciou aqueles para os quais era destinado:  Letras e Filosofia na Academia Científico-Literária, onde soube conquistar a confiança e a estima também dos professores anticlericais, que dominavam na Academia.
No dia 4 de Março de 1871, Luís Talamoni foi ordenado Sacerdote. Momento de grande alegria, mas também de tristeza:  na noite do mesmo dia, o seu pai foi atingido por uma paresia que o afligiu por mais de quinze anos.
O Padre Luís foi enviado para o Colégio São Carlos de Milão como professor, onde teve como aluno (1874-1875) também Achille Ratti, o futuro papa Pio XI, quando era Núncio na Polónia, disse acerca dele: “Pela santidade de vida, luz de ciência, grandeza de coração, perícia no magistério, ardor no apostolado, pelas cívicas benemerências, honra de Monza, gema do Clero diocesano, guia e pai de inúmeras almas”.
Fundou, juntamente com Maria Biffi Levati e Rosa Gerson, a Congregação das Irmãs Misericordinas, em Monza, no dia 25 de Março de 1891.
Faleceu, depois de uma breve enfermidade, a 31 de Janeiro de 1926.

JOÃO BOSCO

Sacerdote, Fundador, Santo
1815-1888

31 de Janeiro

Fundador dos Salesianos

Joãozinho Bosco nasceu em 16 de agosto de 1815 numa pequena fracção de Castelnuovo D’Asti, no Piemonte (Itália), chamada popularmente de “os Becchi”.
Ainda criança, a morte do pai fez com que experimentasse a dor de tantos pobres órfãos dos quais se fará pai amoroso. Em Mamãe Margarida, porém, teve um exemplo de vida cristã que marcou profundamente o seu espírito.
Aos nove anos teve um sonho profético: pareceu-lhe estar no meio de uma multidão de crianças ocupadas em brincar; algumas delas, porém, proferiam blasfémias. Joãozinho lançou-se, então, sobre os blasfemadores com socos e pontapés para fazê-los calar; eis, contudo, que se apresenta um Personagem dizendo-lhe: “Deverás ganhar estes teus amigos não com bastonadas, mas com a bondade e o amor... Eu te darei a Mestra sob cuja orientação podes ser sábio, e sem a qual, qualquer sabedoria torna-se estultícia”. O Personagem era Jesus e a Mestra Maria Santíssima, sob cuja orientação se abandonou por toda a vida e a quem honrou com o título de “Auxiliadora dos Cristãos”.
Foi assim que João quis aprender a ser saltimbanco, prestidigitador, cantor, malabarista, para poder atrair a si os companheiros e mantê-los longe do pecado. “Se estão comigo, dizia à mãe, não falam mal”. Desejando fazer-se padre para dedicar-se totalmente à salvação das crianças, enquanto trabalhava de dia, passava as noites sobre os livros, até que, aos vinte anos, pode entrar no Seminário de Chieri e, em 1841, ser ordenado Sacerdote em Turim, aos vinte e seis anos. Turim, naqueles tempos, estava cheia de jovens pobres em busca de trabalho, órfãos ou abandonados, expostos a muitos perigos para alma e para o corpo. Dom Bosco começou a reuni-los aos domingos, às vezes numa igreja, outras num prado, ou ainda numa praça para fazê-los brincar e instruí-los no Catecismo até que, após cinco anos de grandes dificuldades, conseguiu estabelecer-se no bairro periférico de Valdocco e abrir o seu primeiro Oratório.
Os garotos encontravam aí alimento e moradia, estudavam ou aprendiam uma profissão, mas sobretudo aprendiam a amar o Senhor: São Domingos Sávio era um deles. Dom Bosco era amado incrivelmente pelos seus “molequinhos” (como os chamava). A quem lhe perguntava o segredo de tanta ascendência, respondia: “Com a bondade e o amor, eu procuro ganhar estes meus amigos para o Senhor”. Sacrificou por eles seu pouco dinheiro, seu tempo, seu engenho, que era agudíssimo, sua própria saúde. Com eles se fez santo. Para eles fundou a Congregação Salesiana, formada por sacerdotes e leigos que querem continuar a sua obra e à qual deu como “finalidade principal apoiar e defender a autoridade do Papa”.
Querendo estender o seu apostolado também às meninas, fundou, com Santa Maria Domingas Mazzarello, a Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora. Os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora espalharam-se pelo mundo todo a serviço dos jovens, dos pobres e dos que sofrem, com escolas de todos os tipos e graus, institutos técnicos e profissionais, hospitais, dispensários, oratórios e paróquias. Dedicou todo o seu tempo livre subtraído, muitas vezes, ao sono, para escrever e divulgar opúsculos fáceis para a instrução cristã do povo.
Foi, além de um homem de caridade operosa, um místico entre os maiores. Toda a sua obra foi haurida na união íntima com Deus que, desde jovem, cultivou zelosamente e desenvolveu no abandono filial e fiel ao plano que Deus tinha predisposto para ele, guiado passo a passo por Maria Santíssima, que foi a Inspiradora e a Guia de toda a sua acção.
Sua perfeita união com Deus foi, talvez como em poucos Santos, unida a uma humanidade entre as mais ricas pela bondade, inteligência e equilíbrio, à qual se acrescenta o valor de um conhecimento excepcional do espírito, amadurecido nas longas horas passadas todos os dias no ministério das confissões, na adoração ao Santíssimo Sacramento e no contacto contínuo com os jovens e com pessoas de todas as idades e condições.
Dom Bosco formou gerações de santos porque levou os seus jovens ao amor de Deus, à realidade da morte, do julgamento de Deus, do Inferno eterno, da necessidade de rezar, de fugir do pecado e das ocasiões que levam a pecar, e de aproximar-se frequentemente dos Sacramentos.
“Meus caros, eu vos amo de todo o coração, e basta que sejais jovens para que vos ame muitíssimo”. Amava de tal forma que cada um pensava ser o predilecto.
“Encontrareis escritores muito mais virtuosos e doutos do que eu, mas dificilmente podereis encontrar alguém que vos ame mais em Jesus Cristo, e mais do que eu deseje a vossa verdadeira felicidade”.
Extenuado em suas forças pelo incessante trabalho, adoentou-se gravemente. Particular comovente: muitos jovens ofereceram ao Senhor a própria vida por ele. “... Aquilo que fiz, eu o fiz para o Senhor... Poder-se-ia ter feito mais... Mas os meus filhos o farão... A nossa Congregação é conduzida por Deus e protegida por Maria Auxiliadora”.
Uma de suas recomendações foi esta: “Dizei aos jovens que os espero no Paraíso...”. Expirava em 31 de janeiro de 1888, em seu pobre quartinho de Valdocco, aos 72 anos de idade. Em 1º de Abril de 1934, foi proclamado santo pelo papa Pio XI, que teve a felicidade de conhecê-lo.

FRANCISCO XAVIER MARIA BIANCHI

Sacerdote, Santo
1743-1815

31 de Janeiro

Francisco Xavier Maria Bianchi nasceu no dia 2 de dezembro de 1743, na cidade de Arpino, França, e viveu quase toda a sua vida em Nápoles, Itália. Era filho de Carlo Bianchi e Faustina Morelli, sua família era muito cristã e caridosa. Francisco viveu sua infância num ambiente familiar, de doação ao próximo e que o influenciou durante toda sua existência religiosa.
Aos doze anos entrou para o "Colégio dos Santos Carlos e Felipe" da ordem dos Barnabistas e em 1762, para o seminário onde jurou fidelidade a Cristo e fez seus votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência. Completou os estudos de direito, ciência, filosofia e teologia em Nápoles e Roma. Foi ordenado sacerdote aos 25 de janeiro de 1767. Tendo em vista sua alta cultura, seus Superiores o enviam de volta para lecionar no Colégio de Belas Artes e Letras de Arpino e, dois anos depois, ao Colégio São Carlos em Nápoles, para ensinar filosofia e matemática. Em 1778 foi chamado para ensinar na Universidade de Nápoles. No ano seguinte recebe o título de "Sócio Nacional da Real Academia de Ciências e Letras". A intensa atividade no campo da cultura não o impediu, todavia, de viver plenamente a vida de religioso, desempenhando importantes cargos na Congregação e continuando a exercer seu ministério sacerdotal.
Com o transcorrer dos anos padre Bianchi deixou gradativamente de praticar o ensino e viveu mais o sacerdócio contemplativo e penitente na mortificação dos sentidos. Ao seu redor se formou uma próspera família espiritual. A fama de sua virtuosidade e santidade cresceu na mesma proporção em que suportou heroicamente uma doença incurável que o imobilizou numa cadeira por treze anos, os últimos de sua vida. Mesmo assim não deixou de celebrar a Santa Missa, de acolher e aconselhar a todos os que o procuravam, distribuindo palavras de coragem e conforto. Consumido pela doença morreu em 31 de janeiro de 1815, envolto pela paz e suprema alegria espiritual.
Francisco Bianchi viveu durante o período conturbado e histórico das sucessivas conquistas e batalhas empreendias pelo imperador Napoleão Bonaparte. Assistiu a destruição de todas as bases políticas da Europa. Sobretudo, viu o clima anti-religioso ser instalado e que se materializou contra o clero com leis de confisco, incêndios e expulsões de congregações inteiras dos domínios napoleônicos. Mas, padre Francisco Bianchi se manteve apaixonadamente sacerdote de Cristo. Lutou contra a miséria, a desnutrição, as epidemias, as doenças e por fim contra a baixa estima dos habitantes tão abandonados politicamente.
O seu funeral foi um dos mais comoventes, onde estiveram reunidas personalidades ilustres das áreas das artes, da ciência, da Igreja e a imensa população, para as últimas homenagens àquele que chamaram de "Apóstolo de Nápoles" e "santo". Em 1951, foi canonizado pelo papa Pio XII, em Roma. E as relíquias mortais de São Francisco Xavier Maria Bianchi foram sepultadas na capela da Igreja de Santa Maria de Caravaggio em Nápoles, Itália. Para sua homenagem e culto foi escolhido o dia 31 de janeiro.

PEDRO NOLASCO

Sacerdote, Fundador, Santo
1182-1258

31 de Janeiro

Além da humildade, caridade, amor ao próximo e fé irrestrita em Cristo e Maria, virtudes inerentes à alguém que é declarado Santo, Pedro Nolasco se notabilizou também pela luta em favor da libertação de cristãos tornados escravos sempre movido pelos ensinamentos do Cristianismo, num período conturbado para a humanidade, nos idos dos séculos XII e XIII.
Procedente de uma cristã e nobre família francesa, Pedro Nolasco nasceu num castelo no sul da França, próximo de Carcassone, próximo ao ano 1182. Desde pequeno demonstrou grande solidariedade com os pobres e desamparados. Todos os dias fazia os pais lhe darem dinheiro para as esmolas e até a merenda que levava quando estudante era dividida com eles. Assim cresceu, vivendo em intima comunhão com Jesus Cristo e a Virgem Maria, de quem era um devoto extremado. Aos quinze anos de idade, quando seu pai morreu, foi com a família para Barcelona, Espanha, onde se estabeleceram. E ali ingressou na vida religiosa.
Na juventude, quando acompanhou a tragédia dos cristãos que caíam nas mãos dos muçulmanos, devido à invasão dos árabes sarracenos, empregou toda sua fortuna para comprar os escravos e, então, libertá-los. E também, quando seu dinheiro acabou, arregaçou as mangas e trabalhou para conseguir fundos para esta finalidade, pedindo-os às famílias nobres e ricas que conhecia. Antes que entrasse em desespero, pois nunca teria dinheiro suficiente para garantir a liberdade dos cristãos, recebeu a graça de uma visita da Virgem Maria. Ocorreu no dia 1º de agosto de 1223. Nossa Senhora lhe apareceu, sugerindo que criasse com seu grupo de leigos, uma ordem religiosa destinada a cuidar deste tipo de situação, naquele momento e para sempre.
Pedro contou esta visão a seu superior, Raimundo de Penhaforte, seu co-fundador e também Santo, e ao rei Jaime I de Aragão, ao qual servira na infância como professor e tutor. Mas, qual não foi sua surpresa ao saber que eles também tinham recebido em sonho de Maria, a mesma missão que ele que recebera. Desta forma fundou, juntamente com eles, a Ordem de Nossa Senhora das Mercês e Redenção dos Cativos, cujos religiosos são conhecidos como padres mercedários. Foi eleito superior e dirigiu a ordem por trinta e um anos, libertando milhares de cristãos das mãos dos árabes muçulmanos. Pedro Nolasco morreu no dia de Natal de 1258, feliz e plenamente realizado com sua vida de religioso, mas amargurado porque, nos últimos anos, seu corpo alquebrado não permitia mais que trabalhasse.
Foi canonizado pelo Papa Urbano VIII, em 1628. Embora seja comumente homenageado no dia 13 de maio, festa de Nossa Senhora das Mercês, e no dia 28 de janeiro pelos padres mercedários, o calendário litúrgico romano lhe decida especialmente o dia 31 de janeiro para a sua veneração.

MARTINHO DE COIMBRA

Sacerdote, Mártir, Santo
+ 1147

31 de Janeiro

Martinho nasceu em Arouca, nos fins do século XI, de pais pouco afortunados, mas cheios de probidade e piedade. Seu pai chama-se Arrius Manuelis e sua mãe Argia. Os primeiros cuidados que estes santos pais tiveram para com filho, foi de o educarem cristãmente e de lhe inculcarem os princípios evangélicos no mais profundo do seu juvenil coração, o que resultou, visto que a criança se mostrou receptiva e que os seus progressos eram contínuos, o que não significa que fosse como todos as crianças da sua idade. Assim, procurando a sua própria felicidade espiritual, os pais de Martinho, souberam alicerçar a do filho.
Os primeiros preceptores nas verdades da religião reconheceram nele disposições para as ciências, assim como outras qualidades que pareciam contrariar a sua vocação para o estado eclesiástico. Todas estas conclusões foram explicadas aos pais de Martinho assim como o desejo que estes conselheiros acalentavam de o guardarem e de lhe oferecerem um ensino adequado às suas possibilidades naturais: estudos de ordem superior.
Movidos pelo amor a Deus, os pais de Martinho sentiram-se felizes de oferecerem a Deus o fruto do seu amor e aceitaram que ele fosse estudar, o que logo a seguir aconteceu: começou a estudar filosofia e teologia. Martinho foi tão estudioso e sério que pouco tempo depois era apresentado aos seus condiscípulos, como um modelo de abnegação e de seriedade.
Esta nova “notoriedade” não ficou no silencia das alcovas, bem pelo contrário, como vamos ver:
Um dia Maurício, Arcebispo de Braga, viajando para Arouca, apresentaram-lhe o jovem Martinho como sendo um digno discípulo sobre o qual a Igreja poderia contar e sobre o qual se fundavam grandes esperanças. Os modos serenos e humildes do jovem estudante cativaram tanto o Arcebispo, que logo o enviou para Braga e, mais tarde oferecendo-lhe mesmo o título de Cónego, antes mesmo de receber a ordenação sacerdotal, o que era frequente naquela época longínqua; ordenação que recebeu pouco tempo depois.
Da mesma maneira que até ali servira de exemplo aos seus companheiros, da mesma maneira, no seu novo estado de vida, continuou a ser um exemplo de devoção e de exactidão na execução do tudo quanto lhe era pedido e na sua acção sacerdotal quotidiana.
Martinho esforçava-se para não mostrar o brilho das suas virtudes, de se mostrar como todos, mas não conseguiu impedir que estas brilhassem como mil estrelas e fizessem dele uma pessoa respeitada e admirada e sobretudo amada por todos aqueles que o conheciam.
O Arcebispo de Braga pensou oferecer-lhe um cargo que contribuísse a pôr em relevo o seu zelo e as suas qualidades espirituais, mas Martinho não desejava nem honras nem louvores: só o amor de Deus o animavam e trabalhar humildemente na vinha do Senhor era a sua única preocupação; preferiu que o Prelado lhe desse uma paróquia simples e humilde, mesmo desconhecida, o que acabou por acontecer: foi nomeado pároco de Soure, na diocese de Coimbra que nesse tempo dependia da arquidiocese de Braga[1].
Mal tomou conta da paróquia de Soure, logo mandou reconstruir a igreja que os infiéis tinham destruído, e dispensou todos os seus cuidados para chamar o seu rebanho a uma nova vida, pela força de sua doutrina, a sabedoria de suas exortações e a força de seus sermões. Foi a doçura que caracterizou principalmente o exercício das suas funções, e por ela ganhou o Senhor os mais endurecidos pecadores. Esta bela virtude, na qual Jesus Cristo nos procedeu pelo seu divino exemplo, fazia sobressair em Martinho como um novo luminar, a sua constante e indefectível humildade, a sua caridade contínua para com todos, sem excepção. Ele tinha horror pecado, mas não odiava o pecador, porque ele sabia que o Espírito Santo intercede sempre e opera com suspiros que nenhum idioma pode expressar. Evitava no em tanto a companhia dos homens viciosos todas as vezes que ele pensasse que a sua própria alma estivesse em perigo. Nos momentos de laser que ele preferia ocupar o seu tempo em trabalhos manuais do que abandonar-se por pouco que fosse à inacção.
O seu zelo não se limitava unicamente aos cristãos, ele procurava ardentemente chamar os infiéis ao rebanho de Jesus Cristo. Os Mouros ainda muito números nesse tempo em Espanha ofereciam-lhe um vasto terreno de trabalho pastoral, mas a sua fugosa actividade evangélica teve como resultado desencadear a ira dos maometanos e, quando estes invadiram Portugal em 1146 procuraram Martinho, prenderam-no e enviaram-no para a prisão de Scalabus — a actual Santarém — e daí para uma cadeia em Córdova, na Espanha, onde ele morreu no dia 31 de Janeiro de 1147, oito anos depois da independência da Lusitânia, que então tomou o nome de Portugal.
A maneira como morreu, tende a pensar que foi considerado pela Igreja, assim como pela maior parte dos historiadores, que foi mártir da fé.
Afonso Rocha

[1] O Santo não foi ordenado pelo Arcebispo de Braga, mas por Gonçalo, Bispo de Coimbra. É bom saber que nessa época longínqua, a dignidade de pároco era mais elevado e mais importante do que a de Cónego.

COLUMBA MARMION

Abade, pai e mestre no século XX, Beato
1858-1923

30 de Janeiro

Tendo sido ordenado sacerdote secular, aquele jovem irlandês sentia sua alma poderosamente atraída pelo silêncio e pelo recolhimento da vida monástica. A Providência o chamava a ser digno filho de São Bento e pai espiritual de muitos monges.
O peregrino que se proponha conhecer as origens cristãs do Velho Continente não pode deixar de visitar a gruta de Subiaco, local escolhido pelo jovem Bento de Núrsia para consumar sua entrega a Deus, abandonando a vida de estudos que até então levava na Roma dos retóricos e literatos. E os que hoje trilham seus passos sentem uma forte atracção pelo local, marcado misteriosamente pela presença do santo Patriarca e Patrono da Europa.
Enquanto se sobe pelos íngremes caminhos que conduzem ao mosteiro — exercício desde logo recompensado pelo belíssimo panorama —, o visitante pode discernir, se não através de voz humana, certamente pela da graça, aquele chamado do varão de Deus que atraiu legiões de almas à vida monástica: "Escuta, filho meu, os preceitos do mestre, e inclina o ouvido do teu coração. Recebe de bom grado o conselho de um bom pai, e cumpre-o eficazmente, para que, pelo trabalho da obediência, voltes Àquele de Quem te havias afastado"[1].
Ao atento observador não passarão despercebidas algumas árvores que adornam o caminho, as quais bem simbolizam a história desta instituição. São vegetais de inacreditável robustez, cujas raízes se embrenharam pelo solo pedregoso e lograram subsistir em condições desfavoráveis. Enfrentaram os ventos das intempéries e os da História, mantendo-se erectas apesar das adversidades, e ostentando uma vitalidade que desperta surpresa e admiração.
Assim é a Ordem Beneditina. Nascida da vocação de São Bento, conta ela hoje quase 1.500 anos de existência. Atravessou todas as catástrofes, venceu as rudezas das guerras e as deficiências dos homens, e olha sobranceira para um passado que lhe valeu uma legião de filhos canonizados e dezasseis Papas saídos do silêncio de seus claustros. Dezasseis também foram os sucessores de São Pedro que se colocaram sob a protecção deste santo fundador — curiosamente, nenhum deles foi beneditino —, entre os quais nosso actual Romano Pontífice, Bento XVI.
Se a Europa cristã deve, em larga medida, a esta Ordem seu itinerário de conversão e civilização, também o século XX, palco de acontecimentos que mudaram os rumos da humanidade, recebeu a acção benéfica dela emanada, por meio de uma figura talvez pouco conhecida: o Beato Columba Marmion.

O menino vestido de negro

Nasceu ele em Dublin, Irlanda, a 1 de abril de 1858, no seio de uma família de sólida formação católica. Sendo de frágil compleição, seus pais, William Marmion e Herminie Cordier, se apressaram em conduzi-lo à fonte baptismal, dando-lhe o nome de José.
Criança de privilegiada inteligência e equilíbrio temperamental, parecia externar sob todos os aspectos uma vocação sacerdotal, embora não dispensasse os entretenimentos próprios à idade. Observando estes sinais, os pais tomaram uma singular decisão: vesti-lo sempre de negro, prevendo o hábito eclesiástico que um dia haveria de tomar.
Explicaram-lhe que procediam assim porque seria sacerdote. Mas o menino pareceu não se importar muito com isso. Estava mais interessado em escalar árvores e capturar borboletas. Enquanto os irmãozinhos trajavam alegres e coloridas vestimentas, segundo o gosto irlandês, José se distinguia por sua escura roupagem que, de fato, um dia trocaria pela batina.

Sacerdote aos 23 anos

Dentre os seis filhos daquele lar cristão, quatro foram agraciados pela vocação religiosa. Três irmãs de José seguiram a vida consagrada e ele próprio, após realizar com êxito promissor os primeiros estudos, ingressou no seminário diocesano de Dublin.
Junto aos oitenta jovens que ali almejavam o estado de perfeição, Marmion iniciou uma trajectória luminosa, assinalada desde os primórdios por uma avidez teológica e ardente piedade, o que faria um colega seminarista testemunhar: "Ele era um jovem santo e cheio de ideias"[2].
O aproveitamento nos estudos fez seus superiores depositarem nele as melhores esperanças. Enviaram-no a Roma, onde estudou no Pontifício Colégio Irlandês e, em seguida, no Propaganda Fide. Neste último, distinguiu-se em todas as matérias, e sob a égide do futuro Cardeal Francesco Satolli tornou-se um tomista de escol. Os ensinamentos do Doutor Angélico beneficiaram decisivamente sua vida espiritual, pois dele aprendeu a nunca dissociar da vida de santidade o conhecimento doutrinário, tal como ensinaria mais tarde a seus monges: "Um raio de luz do alto é mais eficaz do que todos os raciocínios humanos"[3].
Esse progresso fê-lo caminhar a passos rápidos para a ordenação. Em 16 de abril de 1881 recebeu o diaconato, e a 16 de junho do mesmo ano foi ordenado sacerdote na igreja romana de Santa Ágata dos Godos. Contava, na ocasião, 23 anos.
A pedido de seu Bispo, logo retornou para a Irlanda levando na alma mil propósitos salutares, algumas incógnitas, e um antigo sonho: ser missionário na Austrália.

Sua alma permanecia insatisfeita

De volta à pátria, padre Marmion foi designado pároco no vilarejo de Dundrum, ofício ao qual se entregou de corpo e alma. Por pouco tempo, porém, pois ao cabo de um ano, foi chamado pelo Bispo de Dublin para leccionar no Seminário maior de Clonliffe.
Nesses primeiros tempos de sacerdócio sua alma, contudo, permanecia insatisfeita. Encontrava-se como acéfalo em seu percurso espiritual. Sentia precisar de um mestre que o guiasse para a Pátria celeste. Uma pergunta rodava em seus pensamentos: não estaria chamado à vida religiosa, ao invés de integrar o clero secular? E a continua lembrança de um encontro que o marcara a fundo acabaria por pesar, em definitivo, neste caudal de incertezas, conduzindo-o para o claustro.

Encontro com o carisma beneditino

Tal encontro dera-se no mês de julho de 1881, quando o jovem presbítero retornava de Roma com o coração ainda acalentado pelas graças da ordenação. A fim de visitar um amigo do seminário que se fizera beneditino em Maredsous, na Bélgica, alterou o percurso de volta e, na noite do dia 23, apresentou-se nessa abadia, onde o irmão porteiro o recebeu com a hospitalidade característica da Ordem.
A abadia de Maredsous constitui, por si só, um espectáculo consolador para qualquer católico. Quando o padre Marmion a conheceu, nela viviam 130 monges, segundo o mais puro espírito da fundação. A igreja, centro da vida comunitária, ergue-se no alto de uma montanha, em grandioso estilo neogótico, parecendo simbolizar, ela mesma, o voto de estabilidade feito pelos membros da Ordem.
Emoldurado por árvores — que quase ousaríamos qualificar como "disciplinadas" e "monacais" —, o templo sagrado se desdobra num conjunto arquitectónico imponente, no qual transparece um equilíbrio perfeito entre o rigor e a suavidade, a seriedade e o sorriso.
Ali se desenvolviam as múltiplas actividades dos monges: o trabalho manual, a administração de duas escolas para meninos e jovens, o cultivo da horta, o labor intelectual e literário, o esmero pelo canto gregoriano e, sobretudo, uma impecável Liturgia, expressão mais elevada do ideal beneditino.
Foi por acaso que padre Marmion chegou a Maredsous. Mas no silêncio reinante no interior daquelas paredes de pedra encontrou o que até então buscara com afã. E se quase quinze séculos o separavam da morte de São Bento, a figura do fundador da Ordem permanecia tão viva ali, que o jovem sacerdote tinha a impressão de tê-lo acabado de cumprimentar nesse momento.
Voltou para Dublin cativado por aquela atmosfera monástica, com as palavras do Abade Plácido Wolter latejando em sua consciência: "Tens uma vocação beneditina muito maior que a de teu amigo"[4].

Noviciado e vida de recolhimento

Seguindo o conselho do seu Bispo, esperou algum tempo antes de tomar uma decisão. Mas transcorridos cinco anos de ministério em sua cidade natal, padre Marmion não mais se questionava sobre a autenticidade de seu chamado para a vida religiosa. Havia decidido ouvi-lo.
Após obter as licenças necessárias, chegou a Maredsous no mês de novembro de 1886, desta vez para ficar. Durante o noviciado, precisou mudar de costumes, cultura e língua, o que não foi fácil, mas em meio a tais lutas confessou: "Estou convencido de estar no lugar onde Deus me quer. Encontrei grande paz, e sinto-me extremamente feliz"[5]. Escolheu o nome de Columba, evocando o santo missionário irlandês do período merovíngio, e pôs-se a praticar as palavras da Regra: "Escuta, filho meu, os preceitos do mestre, e inclina o ouvido do teu coração".
A almejada profissão se deu em 1891, após a qual os superiores pensaram em enviá-lo ao Brasil. Por fim, acabaram encaminhando-o para Lovaina, onde a Abadia de Maredsous pretendia fundar um novo mosteiro.
O período decorrido desde seu noviciado até o fim da permanência em Lovaina constituiu o cerne de sua vida de recolhimento. Oculto, submisso e modesto, Frei Columba transformou-se num contemplativo. Buscava Cristo e Sua Mãe a todo momento, compreendendo ser no silêncio que Eles Se deixam encontrar: "Se nossa alma se fechar aos rumores da Terra, ao tumultuar das paixões e dos sentidos, o Verbo Encarnado tomará pouco a pouco posse dela; nos fará compreender que as mais profundas alegrias são aquelas que encontramos no seu serviço"[6].
Mais do que nunca, via a santidade como um dom de Deus, esmola divina que homem algum jamais merecerá: "Nossa vida sobrenatural oscila entre estes dois pólos: de um lado, devemos ter a convicção íntima de nossa incapacidade de atingir a perfeição sem o auxílio de Deus; de outro, devemos estar possuídos da inabalável esperança de tudo encontrarmos na graça de Jesus Cristo"[7].
Qual dócil menino, ele se deixava plasmar pelas mãos de seus superiores, um dos quais registrará: "Nunca vi um religioso mais obediente"[8]. A paz e a serenidade lhe foram dadas em recompensa pelos sofrimentos heroicamente suportados, levando-o a dizer: "Agora que fiz todos os sacrifícios, Nosso Senhor devolveu-me, pelo caminho da obediência, tudo quanto por Ele eu havia abandonado"[9].
Exímio pregador de retiros, Frei Columba era solicitado por conventos e comunidades, nos quais sua presença não se apagava de nenhuma memória. Era instrumento de conversões, suscitava vocações, ensinava através da própria conduta.

Alma ornada pela virtude da sabedoria

Teve, porém, de voltar para Maredsous. O mesmo claustro que o recebera como noviço, aos 27 anos de idade, viu-o retornar de Lovaina aos 51, pronto para exercer a mais alta missão que o Senhor lhe haveria de destinar.
Dom Hildebrando de Hemptinne, que vinha governando Maredsous por muitos anos, fora designado pelo Papa primeiro Primaz da Confederação Beneditina e, devido às suas frequentes permanências em Roma, tornou-se necessário escolher outro abade para o mosteiro. O Capítulo elegeu, por grande maioria, Marmion, precisamente por encontrar nele o perfil do autêntico beneditino. "Eu obedeço e aceito a vontade de Deus", disse no dia da eleição, em outubro de 1909.
Enquanto abade, Dom Columba foi, antes de tudo, um mestre espiritual, conhecedor das vias por onde as almas devem ser conduzidas. Suas conferências semanais para a comunidade suscitavam o entusiasmo dos monges. Um deles, não se conformando em ver aquelas maravilhas confinadas na sala capitular, tomou a iniciativa de anotá-las e torná-las públicas. Assim se originou a trilogia: Cristo, vida da alma (1917), Cristo em seus mistérios (1919), e Cristo, ideal do monge (1922), três obras que são expressões fidedignas do espírito cristocêntrico do autor. O Papa Bento XV que fazia uso pessoal de Cristo, vida da alma, chegou a recomendá-lo a um Bispo nestes termos: "Leia isto. É a doutrina da Igreja"[10].
Dom Marmion teve de enfrentar questões espinhosas no exercício de seu cargo, e tornou patente aos olhos dos monges de Maredsous que a virtude da sabedoria, tema frequente de suas prédicas, era um ornato de sua própria alma. Actuou como homem-chave nas negociações que trouxeram ao seio da Igreja um convento anglicano; foi solicitado a fundar uma abadia no Congo; por manifesto desejo do Papa, enviou monges para cuidar da Abadia da Dormição, em Jerusalém. Corolário de suas actividades foi a fundação da Congregação Belga da Anunciação, nova jurisdição da Ordem, sediada em Maredsous.
Mostrou assim não estarem as qualidades diplomáticas, administrativas e psicológicas em choque com o espírito de contemplação. Pelo contrário, uma vida interior bem levada conduz a resolver com o maior acerto as questões temporais que a Providência puser no nosso caminho.
O Abade Marmion amava seus filhos espirituais e era estimado por eles. Sob seus cuidados e vigilância, Maredsous progrediu a olhos vistos, parecendo espelhar a vida que os bem-aventurados gozam no Céu. O Senhor lhe deu uma comunidade louvável, na qual as virtudes e dotes naturais se traduziam em obras de excelência e perfeição.
E quando o horizonte ameno da Abadia se obscureceu pelos estertores da Primeira Guerra Mundial, os monges puderam comprovar a veracidade da palavra do Evangelho: "O bom pastor dá a vida por suas ovelhas" (Jo. 10, 11).

Despendendo as últimas energias

Embora preservados dos bombardeios de tropas inimigas, os habitantes de Maredsous sofreram quase tanto quanto se a abadia tivesse sido destruída. A cada instante, esperava-se um desenlace trágico que viesse reduzi-la a pó, ocasionando uma apreensão não pequena nos monges. A fome e toda sorte de privações rondavam a comunidade, que abriu suas portas para os feridos e desabrigados.
Vivendo na quadra mais dramática de sua existência, o Abade Columba lutava por salvar a formação dos noviços, levando-os para o exílio. Esta decisão lhe causou incontáveis dissabores e, para completar as amarguras que o contristaram, via seus monges serem arrancados da vida monástica para servir o exército, expostos a todos os perigos de corpo e de espírito.
Em 1918, quando a Guerra terminou, restavam-lhe os últimos cinco anos de vida, e ele os empregou totalmente na restauração da disciplina em Maredsous, despendendo nesse último esforço as poucas energias que ainda lhe restavam. Na tarde de 30 de janeiro de 1923, vítima de uma epidemia de gripe que assolava a Bélgica, ele rendeu sua alma ao Criador.
Alquebrado por uma existência empregada no serviço de Deus, Dom Columba Marmion abandonava-se, uma vez mais, naquele supremo momento, aos desígnios de Jesus Crucificado, que ele viera buscar e encontrara no claustro. Seus filhos espirituais, recebendo de suas mãos, agora trémulas, a tocha da caridade, tinham consciência de que aquele pai e mestre lhes transmitia e deixava como herança a realização das palavras com as quais São Bento concluiu seus ensinamentos: "Tu, pois, quem quer que sejas, que te apressas rumo à Pátria celeste, cumpre, com o auxílio de Cristo, esta Regra, e então chegarás por fim, com a protecção de Deus, aos maiores cumes da doutrina e das virtudes"[11].
Irmã Carmela Werner Ferreira, EP
(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2010, n. 97, p. 34 à 37)


[1] Regra de São Bento, Prólogo, n. 1-2.
[2] TIERNEY, OSB, Mark. Blessed Columba Marmion: a short biography. Dublin: The Columba, 2000, p. 22.
[3] MARMION, OSB, Beato Columba. Jesus Cristo nos seus mistérios: conferências espirituais. 2. ed. Singeverga: Ora et Labora, 1951, p. 452.
[4] TIERNEY, OSB. Op. cit., p. 23.
[5] Idem, p. 35.
[6] MARMION, OSB. Op. cit., p. 289.
[7] Idem, p. 469.
[8] TIERNEY, OSB. Op. cit., p. 45.
[9] Idem, ibidem.
[10] Apud GARRIDO BONAÑO, OSB, Manuel. Beato Columba Marmion. In: Nuevo Año Cristiano: Enero. 4. ed. José Antonio Martínez Puche, OP (Org.). Madrid: Edibesa, 2003, p. 618.
[11] Regra de São Bento, c. 73, n. 8-9.

MUCIANO MARIA WIAUX

Religioso, Santo
1841-1917


30 de Janeiro
 
No dia 20 de Março de 1841 nasceu, em Mellet, na Bélgica, Louis-Joseph Wiaux, sendo baptizado no mesmo dia do nascimento como costume da época.
Mellet é um lugar de gente muito tranquila, trabalhadora e honrada. Aí a família Wiaux destaca-se por seu sentido de vida cristã. Trabalham muito, sempre com muita descontracção e um humor destacável. E Luís foi crescendo nesse ambiente de trabalho, alegria e piedade.
No dia 28 de Março de 1852 Luís fez sua primeira comunhão. Era muito trabalhador, alegre, modesto e muito delicado de consciência. Logo que terminava suas tarefas, lia muito. Era obediente. Não foi um menino prodígio, mas tinha uma inteligência aberta e ágil, com excelente memória. Tinha um temperamento de chefe e uma formação baseada nos princípios cristãos.
Sua vocação foi amadurecendo e não era novidade para aqueles que o conheciam. Logo se anuncia o caminho do Senhor e em 7 de Abril de 1856 dirige-se ao Noviciado dos Irmãos das Escolas Cristãs, em Namur. Ele sabia que tudo era necessário para fazer-se na nova vida e começar um novo aprendizado. O ambiente do Noviciado era de silêncio, orações, exercícios espirituais, leituras espirituais, trabalhos, conferências sobre Vida Religiosa e Regra... Luís sabia que sairia do Noviciado como Irmão.
Em 1º de Julho de 1856 o postulante Luís José Wiaux toma o hábito, na entrada do Noviciado, e recebe o nome de Irmão Muciano Maria (Mutien-Marie). Faz um Noviciado de generosidade impulsiva. Desejou, desde cedo, que sua vida fosse um SIM total aos superiores e à Regra. Toda a sua espiritualidade estava sustentada em 3 pontos: culto à Regra, submissão evangélica aos superiores e amor filial a Nossa Senhora.
Em 8 de Setembro de 1857, o Irmão Muciano iniciava seu apostolado, numa pequena classe na escola São José de Chimay (l’école Saint-Joseph de Chimay). Amava sua condição de educador, mas não tinha muitas vitórias. A frustração profissional e a ansiedade lhe causavam muita dor. Mas era um modelo de regularidade e fervor religioso. Em 14 de Setembro de 1859, o Irmão Muciano emite seus primeiros votos religiosos por uma duração de 3 anos. No mesmo dia ele é designado para fazer parte da comunidade de Malonne, onde ficaria por 58 anos.
O director de Malonne, Irmão Maixentis, passou a dar ao Irmão Muciano ocupações acessíveis e começou a ajudá-lo, para que se tornasse um bom e respeitável professor. Colocou o Irmão Muciano para aprender desenho e pintura. E ele foi aprender por obediência. Trabalhou paisagens, figuras, estudos de animais e plantas. Durante muito tempo. Tinha uma grande tenacidade que se afirmava na sua resolução obediente. Enquanto pintava, rezava, envolto da presença de Deus. Depois, aprendeu harmónio, flauta, clarinete, contrabaixo e, por fim, órgão. Exercia tudo com muita graça e humildade... e sempre por obediência.
Para o Irmão Muciano todos eram bons e todos trabalhavam, mas confessava que alguns poderiam dar-se mais. Levava sempre as palavras com amor.
O Irmão Muciano era auxiliar do Irmão Méardus, artista nato, que dava aulas de desenho especial. E Irmão Muciano seguia esse modelo exímio de professor. Atendia a todos, rectificava os desenhos e felicitava sempre o aluno com um sorriso. Distribuía a tempo todo o material e exigia ordem e limpeza no local. Sempre em oração contínua. Era o Irmão que rezava sempre.
Em 1860 o Irmão Muciano foi promovido a professor dos principiantes. Eram crianças, com todas as suas consequências. E ele dava cabo à aprendizagem que exigia muito silêncio, atenção e ritmo seguro. Ensinava harmónio aos seus alunos. Logo, também, foi professor dos normalistas. Sempre estava na classe quando seus alunos chegavam e os recebia com um sorriso acolhedor e uma saudação amável. Todos sabiam que o que fazia era por amor e obediência.
Em 26 de Setembro de 1869, o Irmão Muciano emitiu seus votos perpétuos. Sua suavidade de trato com os alunos lhes inspirava verdadeira veneração. Todos lhe queriam muito bem e para todos sempre tinha uma palavra amável.
Ao longo dos anos, os empregos incómodos sempre caíram sobre seus ombros, e ele sempre os recebeu vazio de si mesmo e cheio do Espírito do Evangelho como queria São João Batista de La Salle. O bem que o Irmão Muciano realizou em Malonne com sua "vigilância" é incalculável. Sempre atento e sempre solícito. Poderia ter-se relevado de vários serviços, dada a sua idade e a asma que o crucificavam. Mas por amor não o fez.
Estava sempre na capela com o Senhor e aí permanecia por duas ou três horas. Orava, meditava, conversava com seu fervoroso Companheiro.
Cuidava dos passeios dos internos pelo pátio, durante os recreios. Fazia sempre companhia aos doentes... também dava assistência em todos os ensaios de música instrumental. Sem esforço, com naturalidade, sua alma retornava à região donde gozava Deus e sua presença amada. Somente Deus contava para ele. Deus o seduzia. Para o Irmão Muciano a oração era a sua vida — eis o Irmão que reza sempre.
Durante a oração mental, seus lábios se moviam. Podia seguir sua veemente respiração e escutar a palavra que repetia sem cessar: "Jesus". Havia um diálogo emocionante entre Deus e seu amigo, porque Deus respondia no silêncio que se alternava com suas efusões místicas.
O Irmão Muciano tinha uma devoção ardorosa por Maria. Pronunciava a Ave Maria sem sombra de rotina, com devoção e amor. Cada palavra lhe saía da alma. Na gruta de Nossa Senhora de Lourdes, o Irmão Muciano amava e rezava longamente à Virgem. Aquando de sua morte, nas últimas horas, disse ao enfermeiro que o acompanhava: "Quão feliz se sente alguém, tendo amado muito a Virgem durante a vida..."
O Irmão aceitava a Regra. Toda a Regra. Tinha sua vida inteira com imolação e holocausto perene, homenagem de sua pessoa, alma e corpo, afecto e critérios, desejos e vontades. Ele adorava o Deus presente e se entregava, por inteiro, a Ele.
Durante 33 anos regulou todos os movimentos da comunidade, com sua exactidão e precisão, com sua pontualidade.
Ele foi professor "titular" apenas um ano, nunca explicou "catecismo" e nem explanou seu zelo na tradicional reflexão. Foi apóstolo nato, que transmite "efectivamente" a mensagem evangélica. Não limitou seu zelo a uma classe. Irradiava-se por oração. Rezava por todos, em todo o tempo.
Ele tinha uma alegria contagiante, vital e comunicativa. Essa alegria tem seu manancial em Deus, por isso não morria e era benfeitora. Participava, com imensa felicidade das festas e comemorações. Suas maiores alegrias eram: captar o sentido divino e humano das festas litúrgicas, as festas dos santos de sua devoção, os acontecimentos da Igreja, o êxito dos missionários, a conversão dos pecadores, o ambiente fervoroso do internato entre outras tantas.
Veio, então, a Guerra de 1914, que estremeceu toda a Europa. Em Malonne seguiu-se com angústia os acontecimentos, pois passava-se por graves necessidades. Em 24 de Agosto, Malonne se agitou com violência. Mais de 2.000 homens invadiram e acamparam nos pátios do colégio e pelos arredores. No dia seguinte marcharam à chegada de outra tropa. Assim foi durante 52 meses terríveis... Irmão Muciano colocou tudo nas mãos de Deus; e sua generosidade deu confiança ao seu redor. Os alunos e Irmãos seguiram suas vidas e dividiam o espaço com tropas, generais, médicos, enfermeiros, enfermos, convalescentes que iam e vinham sem cessar.
O Irmão Muciano, em cada manhã, um quarto de hora antes da oração comunitária, já estava ante o altar da Virgem dando bom-dia. O tempo passando, foi deixando a impressão de um santo.
No inverno de 1916 o frio alcançava seus 15 graus abaixo de zero. Era um dos invernos mais rigorosos. Em Malonne, em quinze dias, morreram quatro Irmãos, todos anciãos que não resistiram.
O Irmão Muciano nunca teve boa saúde, mas sempre tinha resistido e se defendido. Em 21 de Novembro ele iniciou uma crise aguda de tosse, asma intermitente que lhe tirava o sono e reumatismo que lhe entorpecia os movimentos. Em poucas semanas tinha envelhecido abruptamente. Recebeu, assim, o Viático e a sagrada Unção e, levantou-se e foi à capela rezar. Aos poucos foi voltando ao seu trabalho. Mas, na segunda semana de Dezembro o frio foi mais intenso e a escassez de comida foi se agravando. E, juntos, foram se agravando as doenças do Irmão Muciano. Mas, arrastando-se, acudia a tudo, realizava suas funções com doçura e humildade, continuava de um ao outro, corrigindo, orientando, felicitando, porém, sua saúde cada vez mais lhe tirava as forças e o estava vencendo.
No dia 27 de Janeiro de 1917 o Irmão Muciano realizou suas últimas orações diante do altar da Virgem e teve seu último dia de comunidade. À tarde, seus alunos assistiam emocionados o esforço de um herói dando sua última lição de harmónio.
No dia 28 um Irmão o ajudou a ir à capela. Quis ler, mas o livro caiu-lhe das mãos... arrastou-se como pôde para receber a Eucaristia... ao voltar, repetir fora de si: "Jesus, Jesus, te amo..."
Por fim, o Irmão Director o acompanhou até a enfermaria. O Irmão Muciano não se moveria mais. Aos Irmãos que o visitavam, ele dizia que "estava nas mãos de Deus, e onde melhor?...".
A eternidade se abriu imponente a ele.
Segunda-feira, 29 de Janeiro de 1917. O dia passou lento e doce.
Terça-feira, 30 de Janeiro de 1917. O Irmão Muciano rendeu sua alma a Deus.
A notícia triste correu logo. A desolação estava estampada no rosto dos Irmãos, dos alunos, dos empregados, dos amigos.
Em 1º de Fevereiro de 1917, Irmão Muciano é sepultado no cemitério da comunidade de Malonne. No dia 2 de Maio de 1926 é depositado numa nova sepultura, ao pé da torre da Igreja paroquial, em Malonne.
Irmão Muciano viveu sua vida realizando tarefas humildes e em intenção constante de perfeição e obediência. Ele tinha-se oferecido sem condição a Deus e Deus agora dava sem condições a sua glória e poder. E as palavras "santo" e "milagres" se entrelaçavam com o nome do Irmão Muciano.
Em 30 de Outubro de 1977, em Roma, junto com outro Irmão das Escolas Cristãs — Irmão Miguel Febres Cordeiro, religioso equatoriano —, o Irmão Muciano Maria Wiaux era beatificado por S.S. o Papa Paulo VI.
E, em 30 de Outubro de 1980, em Malonne, inaugurou-se a capela e o centro de actos "Irmão Muciano Maria". As relíquias do Bem-aventurado repousam num esquife de mármore branco próximo do altar novo do santuário.
Em 10 de Dezembro de 1989, a S.S. o Papa João Paulo II o canonizou.
O Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs celebra a sua memória no dia 30 de Janeiro.